Malta, Sicília e Sardenha
Já faz bastante tempo desde nosso último post. Na verdade o que faltou não foi preguiça e nem novidades, o que faltou foi internet! Os leitores que me perdoem o longo texto e as muitas fotos.
Em Malta ficamos parados dez dias pra resolver o problema do guincho da âncora. Foram dias decidindo a melhor coisa a ser feita e depois outros esperando o dia em que o mecânico pudesse instalar. No fim descobri que o mecânico era um engenheiro e fez um trabalho impressionante, e acabou até arrumando outros detalhes no barco. Aprendi muito com ele nesses dias. Karl, gente finíssima!
Infelizmente nesses dias fiquei com a cabeça no guincho e acabei conhecendo apenas a capital Valletta. Muito diferente do que eu imaginava mas não deixou de ser surpreendente. Malta foi colonizada pelos ingleses, tem até a direção do carro do lado contrário, mas para por aí! A língua é o maltês, uma mistura de árabe, grego e italiano. As pessoas mais velhas nem o inglês elas falam. E os que falam tem um sotaque nada parecido com o dos ingleses.
Menos mal que a Dani e as crianças, junto com a Vivian e o Oscar, puderam conhecer mais do que eu. Foram visitar o aquário de Malta, que é muito legal, depois foram conhecer o parque do Popeye onde foi gravado o filme em 1980. E, nos outros dias, enquanto eu ajudava o Karl com o guincho, o Carlinhos se juntou a elas e foram conhecer a Blue Lagoon e a Ilha de Gozo. Pra mim tudo ficou para uma próxima vez!
Infelizmente, com todo esse atraso, o Carlinhos com a família não puderam mais esperar e vir com a gente até Menorca, e voltaram para a Itália no dia 15. Uma pena!
E finalmente no dia 16 de junho com tudo pronto saímos com destino à Sicília. Foram apenas 70 milhas até a cidade de Licata num mar que mais parecia uma lagoa. Levamos 11 horas e chegamos no fim da tarde. Mas também foi só esse dia de mar calmo. No dia seguinte, como esperado, entrou o vento Mistral, bem conhecido aqui, com uma força além do normal e por muitos dias. Ficamos presos na marina de Licata sem ter muita opção do que fazer, já que Licata além de feio e bastante sujo não tem nada para ver. A internet na Sicília ainda é coisa de luxo, tudo muito velho. E, pelo que parece, eles não estão muito preocupados não.
O jeito foi alugar um carro e ir conhecer o vulcão Etna, o vulcão mais ativo da europa. Foi diferente sentir um frio de 10 graus e depois de meia hora já estávamos nos 30 outra vez. Na volta ainda paramos em Caltagirone, cidade das porcelanas! Ainda bem que estamos morando num barco, senão a Dani traria até um abajur pra casa.
A previsão era do vento parar na sexta e já no sábado sairíamos pra Sardenha. Mas era a previsão! Quando pensávamos que íamos sair a previsão mudou e nos segurou por mais dois dias em Licata. O jeito agora foi pegar um ônibus e ir visitar a cidade de Agrigento, o Vale dos Templos. Esse realmente valeu a pena. Deve ser um dos lugares mais visitados em toda Sicília. Tão bonito como a Acrópole, em Athenas. Exaustos com o calor, chegamos no fim do dia de volta ao barco.
Domingo foi o último dia de preparativos já que o plano era sair bem cedinho na segunda. Fizemos compras e enchemos o tanque de diesel e água. Olhando a previsão outra vez e a navegação de 270 milhas pela frente, decidimos sair domingo a noite pra chegar na Sardenha dois dias depois ainda de dia.
Mas foi só sair em mar aberto e ver o que o vento tinha feito durante 5 dias soprando forte. O vento tinha acabado, mas as ondas faziam o barco subir e descer como se estivéssemos numa montanha russa. A Dani tentou esquentar uma comida para as crianças e não demorou nem dez minutos pra que ficasse totalmente arruinada! Só foi melhorar na manhã seguinte.
Como já disse em outro post, nada como um dia depois do outro. Na segunda de manhã o mar já estava bem mais calmo. No fim da tarde, pela primeira vez os golfinhos vieram nos acompanhar na proa do barco. Sumiam durante um tempo e depois voltavam. Um por do sol maravilhoso ainda veio pra completar a cena. Na madrugada, enquanto eu arrumava as velas, escutei os golfinhos outra vez brincando na proa do barco. Como o céu estava limpíssimo, cheio de estrelas e sem lua, os golfinhos iam deixando um rastro de plânctons na água que pareciam faíscas. Há momentos que tem que agradecer duas vezes à Deus!
No fim da tarde do segundo dia chegamos a Sardenha. Como eu não aguentava mais ficar em marinas e cidades, resolvemos não parar em Cagliari e procurar uma ancoragem mais deserta. Paramos em frente a uma praia linda, com um tom de água impressionante. Aproveitamos o fim da tarde para andarmos um pouco na praia já que as pernas estavam precisando se mexer. Ainda curtimos todo o dia seguinte para descansar da travessia e já nos preparar para a próxima que seria no dia seguinte. Mais 220 milhas até Menorca, já na Espanha. Não poderíamos esperar mais na Sardenha porque minha sogra, minha cunhada e minha sobrinha chegariam no domingo a noite para nos encontrar e ficar com a gente por um mês.
Saímos logo cedo pra completar nossas primeiras 1000 milhas navegadas no Mediterrâneo. E trinta e seis horas depois de uma travessia até que tranquila, chegamos nas Baleares! Menorca! Espanha, povo latino, língua que se entende muito facilmente, costumes parecidos, comida ótima, tudo de bom! E até agora, pelo que vimos, o lugar mais lindo!