• 25 maio

    Caribe

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    Nossa temporada no Caribe foi bem curta comparando com os outros barcos que ficam por lá até o fim de maio, quando o tempo já começa a ficar mais esquisito com a chegada dos ventos fortes e às vezes, de furacões.

    Mas nem por isso deixou de ser uma experiência incrível. Apesar de termos nos decepcionados com o Caribe, pela pobreza, pelos preços altíssimos, pelo mal humor das pessoas, por ter que pagar por tudo, etc…., passamos momentos muito felizes ao lado de amigos e família que foram nos visitar. Além de novos amigos, brasileiros, espanhóis, noruegueses, que fizemos nas últimas semanas.

    Saímos de Grenada no dia 5 de janeiro, nós quatro mais a família do nosso compadre, amigo e sócio. Era a primeira vez que o Renan e a Marina tinham companhia de outras crianças a bordo, os gêmeos Gabi e Filipe, que tem a mesma idade da Marina. Imaginem quatro crianças juntas num barco!! Desde as sete da manhã até o fim da noite tocavam o terror o dia inteiro. Uma alegria só! Se divertiram o tempo todo. Com eles fomos subindo as ilhas, passando por Sandy Island, Union Island, Tobago Cays, Bequia, St Vincent, Santa Lucia, até chegar em Martinica. De lá eles voltaram para o Brasil e nós ficamos esperando meus pais que chegariam dia 23 de janeiro, em Martinica.

    Aqui abro um parágrafo para falar sobre a vinda do meu pai para passar quinze dias com a gente a bordo. Um mês antes de nossa viagem começar, em março de 2015, meu pai passou por uma cirurgia para retirada de um tumor. Assim que ele voltou para casa no final de março, nós embarcamos para Grécia para começar a viagem e ele começar a recuperação de uma grande cirurgia. Não foi fácil ficar longe dele e da família no período mais importante de nossas vidas, mas como na vida tudo tem um preço…. Não tivemos escolha. Foi um ano bastante difícil para ele, uma recuperação muito demorada e aquela incerteza de como seria daqui pra frente. E assim foi o ano todo, sem saber se ele poderia vir com a minha mãe para curtir um pouco dessa vida diferente, conhecer lugares que jamais iria se não fosse de barco, e o melhor, a gente se rever depois de quase um ano, e que ano!

    E Graças à Deus, como já estava um pouco mais forte, se superou e viajou para Martinica no meio de janeiro com minha mãe. E mesmo com suas dificuldades, nunca reclamou de nada e curtiu aquela que seria talvez, a maior experiência de sua vida! Navegar pelas ilhas do Caribe não é para qualquer um, ainda mais para eles com 71 e 67 anos. Em alguns dias o vento estava bastante forte e o mar bastante mexido, mesmo assim nunca reclamaram ou tiveram medo. Parabéns aos dois que se superaram e curtiram muito toda a viagem. E eu só tenho a agradecer a eles por essa visita mais que esperada. E foi assim, que no dia 23 de janeiro na praça central de Martinica, enquanto eu esperava ansioso algum táxi chegar com eles, escuto aquele assobio que conheço há mais de 40 anos. Aí não tive dúvida, eles chegaram!

    Voltando para nossa viagem, a dúvida era se continuávamos subindo para o norte ou se descíamos tudo outra vez para que eles pudessem conhecer Tobago Cays, o único lugar que realmente valeu a pena dentro do que vimos. Bom, esperamos eles chegarem e decidimos descer novamente e ficar pelas Grenadines até o final, já que nas duas vezes que passamos por lá foi bastante rápido e assim teríamos tempo para conhecer bem o que o Caribe tem de melhor. Mas antes de começar a descer fomos até St Pierre, ao norte de Martinica, a cidade que foi destruída pela erupção do Monte Pelée em 1902. A erupção matou toda população da cidade, mais de nove mil pessoas. E o único sobrevivente, por ironia do destino, foi um preso que estava na solitária.

    Depois de passar por todas as ilhas novamente, vimos que tínhamos tomado a decisão certa. No dia em que chegamos em Tobago Cays o vento parou totalmente, uma coisa muito difícil de acontecer por lá. E a água azul que já é transparente nos dias normais, ficou parecendo um vidro! O barco parecia estar flutuando no ar. Indescritível. Esse dia ainda era aniversário de sete anos do Renan, com direito a bolo e bexigas e um pôr do sol único!! Realmente foi um dia pra ficar na memória para sempre.

    Com tristeza nos despedimos dos meus pais em Union Island no dia 6 de fevereiro, que de lá voltariam para casa. Mas logo dois dias depois, na mesma ilha, já esperávamos a chegada do meu tio Paulo Henrique com sua esposa Júlia, e mais um casal de amigos, o João e a Adriana. Com eles fomos a Petit St Vincent e voltamos a Tobago Cays para mais “duas” noites de banquete de lagostas com o nosso amigo Taffa. Eles gostaram tanto que quiseram repetir no dia seguinte! Sorte do capitão, que não paga quando leva mais “turistas”!! Assim por cinco vezes comi lagostas gigantes pagando apenas a primeira vez. Bom demais!

    Na sexta-feira, dia 12 de fevereiro voltamos a Union Island para que eles pudessem pegar o ferry de volta a St Vincent e voar para o Brasil. E de lá, uma semana depois, a Dani com as crianças também voariam para casa.

    No dia seguinte fomos para Chatham Bay, uma baía linda e tranquila atrás de Union Island, para aproveitar juntos a última semana dessa primeira, ou talvez, a última etapa da nossa viagem. Nessa baía conhecemos o Fábio e a Mariana do veleiro Argos, e o casal Éder e a Edna do veleiro Piatã. Muito bom encontrar brasileiros longe de casa.

    O Fábio, mergulhando durante a tarde achou uma toca com cinco lagostas! Dei a ideia de voltarmos a noite até a toca (já que não se pode caçar em nenhum lugar do Caribe) para o último banquete de lagostas! Tudo bem que eram bem pequenas, mas o sabor era até melhor que o das grandes.

    Depois de uma semana maravilhosa de despedida, no dia 19, outra vez com dor no coração, vi aquele minúsculo avião levar eles embora e eu ficar sozinho mais uma vez. Só que desta vez teria que navegar sozinho até Trinidad, onde iria tirar o barco da água e poder voltar para casa também.