• 26 out

    Ilhas Graciosa e Lanzarote

    Logo na chegada, ainda quando amarrávamos o barco no píer da marina na Graciosa, passa um alemão e pergunta num perfeito português: “Estão vindo de onde? Parece que estão chegando de uma velejada em São Sebastião!” O alemão era o Reh, morou no Brasil por oito anos na década de 70 e 80. Casado com a Guti, moram no veleiro Asante, de 36 pés há 11 anos. Só pode ser Deus que coloca essas pessoas no meu caminho. Além de ótimos amigos e excelente cozinheiro, Reh é instrutor de vela, sabe tudo e mais um pouco. Me ensinou muitas coisas e ajudou no que foi preciso pra deixar o barco pronto para a travessia para o Caribe. Encomendando peças da Alemanha, costurando cabos, arrumando tudo o que via pela frente! Espero um dia ter a chance de poder retribuir tanta gentileza. E assim passamos o primeiro mês na Graciosa, entre muitas arrumações, degustações e conversa jogada fora.

    No cardápio do Reh tivemos feijoada (digna de um brasileiro), camarão na moranga, sopa do que sobrou da moranga, churrasco de maminha, salada de grão de bico marroquina, etc…. Não foi a toa que recuperamos todos os kilos perdidos na travessia, e ganhamos outros mais.

    Nossos amigos foram embora para a marina de Lanzarote onde ficarão o próximo mês. Nós decidimos ficar aqui na Graciosa, apesar de não ter nada, por vários motivos. Primeiro que é a marina mais barata de toda Canarias. Aqui não existe tantos lugares para ficar ancorado e o tempo anda meio maluco. A próxima marina barata e muito boa seria em Las Palmas, na ilha de Gran Canaria. Mas existe uma regata com mais de 200 barcos, que sai todos os anos de Las Palmas e vai até o Caribe. E não há vagas para outros barcos até o dia da largada que, nesse ano, é somente dia 22 de novembro. E pra falar a verdade, eu prefiro ficar aqui mesmo. A Graciosa tem apenas 600 habitantes, todas ruas de terra, dois mercadinhos, uns cinco restaurantes e uma mini padaria com uns pães incríveis. E tudo isso a menos de dois minutos a pé. Pra muitos pode ser difícil de se acostumar, mas a oportunidade de ficar num lugar desses por dois meses não tem preço.

    Na parte de trás da ilha, que fica para o mar aberto, tem a praia mais bonita da ilha, a Playa de las Conchas. E também a mais perigosa pelas suas ondas que quebram com toda força bem no raso. A água é de um azul incrível. A ilha tem mais umas três praias, uns três vulcões desativados e é só! Subimos até o topo de uma montanha para tirar fotos e depois até o topo de um dos vulcões. O Renan mostrou ter uma resistência invejável pra caminhada e subida. Foi sem reclamar até o topo as duas vezes, e quando eu já não aguentava mais subir, ele ainda dizia: vamos subir até ali agora?” Como não subir? E lá íamos nós um pouco mais para cima. E antes de descer todo o vulcão ainda descemos até o centro da cratera. Um silêncio que chega a incomodar. Lugar isolado, ninguém por perto, um buraco gigante. Uma experiência muito legal.

    Ainda quando meu irmão e minha cunhada estavam aqui, fomos até Lanzarote de ferry e alugamos um carro para conhecer a ilha toda. Existe um vale cheio de vulcões, o Parque Timanfaya, que vale a visita. Também fomos até o sul da ilha pra ver a tal da Laguna Verde, uma das imagens mais exóticas que já vi. O contraste do azul do mar, a espuma branca das ondas, a areia preta e a lagoa verde, tudo num só lugar, incrível!

    Bom, daqui a Dani e as crianças voltam para o Brasil. Eu espero meus dois irmãos e mais um amigo chegarem para a maior de todas as travessias. Devemos zarpar perto do dia 25 de novembro. Serão três mil milhas até o Caribe. Duas semanas vendo só água. Se der tudo certo, o próximo post será de uma das ilhas caribenhas.

    Para quem quiser acompanhar a nossa travessia, é só entrar aqui no blog e ir em “onde estamos”. Duas vezes por dia vamos mandar um sinal que marca nossa posicão exata no mapa.

    Boa sorte e bons ventos pra gente!